A Capital Federal no Triângulo Mineiro
qui, 12 de dezembro de 2013 06:45
Juscelino Kubitschek encontrando Tubal Vilela, durante sua campanha à eleição para presidente. Foto: Divulgação
A década que antecedeu a posse de Juscelino Kubitschek na Presidência da República foi marcada por uma disputa discreta, ao estilo mineiro, porém firme, pela localização da futura capital nas proximidades de Uberlândia. O “triângulo” à frente dessa luta era formado por Juscelino Kubitshek, Israel Pinheiro e Lucas Lopes. A ideia foi lançada no plenário da Assembleia Constituinte de 1946, em um ensolarado 20 de maio. O então deputado Juscelino Kubitscheck pronunciou um discurso exaltado, defendendo a fixação da nova capital no Triângulo Mineiro, solicitando a transcrição nos anais da assembleia, de um estudo apresentado pelo engenheiro Lucas Lopes. O deputado Israel Pinheiro também defendeu a localização da cidade na mesma região, sob o argumento de que a construção da nova cidade não deveria se estabelecer por muito tempo e a região já contava com boa infraestrutura de estradas e ferrovias que a ligavam, estrategicamente, aos principais pontos do país.
A ideia não era muito distante das pretensões de Floriano Peixoto que, na primeira constituição republicana, em 1891, seguindo a estratégia militarista de interiorização fronteiriça do poder, inseriu artigo que pretendia localizar a capital do país no planalto central, nas alturas de Formoso, Goiás. O primeiro ato do governo provisório, em 15 de novembro de 1889, deixou clara a ideia de mudança ao decretar que a cidade do Rio de Janeiro seria “provisoriamente sede do Poder Federal” de 1891 a 1911 foi um pulo. Nesse ano cogitou-se a transferência da capital para o meio do sertão. O coronel Carneiro, então, gastou muita pena e tinta, escrevendo para os correligionários, sugerindo que a escolha recaísse sobre Uberlândia. Mas foi só um escrito no molhado e não foi adiante.
Alguns anos mais tarde, o senador estadual, Camilo Chaves, pleiteou a capital federal para o Pontal do Triângulo. Mas, durante a ditadura de Getúlio Vargas, a questão foi esquecida.
O assunto voltou pegando fogo na restauração da democracia. Na Constituinte, o deputado mineiro Artur Bernardes sugeriu que, em vez de no Planalto Central, a capital ficasse no Brasil Central. O que ele quis foi estender a área de localização da capital. Outro mineiro, Benedito Valadares, restringiu a área, mas deslocou-a do Planalto Central para o Triângulo. Vem outro mineiro e restringe mais a área: que seja no Triângulo, sim, mas no Pontal, como queria Camilo Chaves. Aqui, e possivelmente em outros municípios triangulinos, os jornais lamentavam não ter nenhuma representação na Constituinte para brigar com unhas e dentes pela localização da capital no Triângulo.
Assim que foi empossado, Dutra nomeou uma comissão, e pediu agilidade, a fim de escolher um local para construir a nova capital. Diante da nova abertura, os municípios se animam, expõe sua qualidade, cada um melhor que o outro, exaltados com a possibilidade de serem escolhidos. Entre tantos concorrentes, o jornal “O Diário”, de Belo Horizonte, em 1946, sugeriu que a nova capital fosse colocada em Uberlândia. O periódico faz uma breve descrição da cidade, indica as vantagens que possui e as possibilidades que carrega por sua localização, por sua estrutura urbana, por suas condições topográficas. Os políticos da terra e os líderes vão atrás e pedem aqui, justificam ali, imploram acolá. Os jornais uberlandenses dão cobertura ao sonho da gente e chegam ao cúmulo da confiança nas qualidades quando pedem que outras cidades se candidatem para sofrerem comparação. Para todo mundo na cidade, “como Uberlândia, não tinha outra”. No fim das contas, os constituintes repetem a primeira constituição: a capital iria para o Planalto Central mesmo.
E o Dutra, como outros, ficou pelo caminho e não construiu a nova sede do poder federal. Nova eleição e Getúlio, durante a campanha, chega a dizer em um de seus comícios, que construirá a nova capital em Uberlândia. Novamente os crédulos se alvoroçam. Mas o governo do Getúlio foi conturbado e acabou como a história conta. Foi a vez de Juscelino e a esperança nativa de assumir seu discurso registrado na Assembleia Constituinte de 46. Mas ficou apenas no discurso sem nada acontecer. A capital acabou sendo construída mesmo segundo a vontade manifesta de Floriano Peixoto, lá em 1891.
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O Governador de Minas Gerais Juscelino Kubitschek, caminha pelas avenidas, ao lado do Prefeito Municipal Tubal Vilela, em campanha para as eleições presidenciais de 1955. Foto: Divulgação
Coimbra Júnior.
(*) Administrador de Empresas, especializado em Finanças. Trabalha atualmente na Via Travel Turismo. Criou a página História de Uberlândia no Facebook.
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