Alô amigos, Hamilton vence o GP do Japão e abre um considerável número de pontos na liderança do campeonato, numa prova tumultuada pela chuva torrencial que lembrou a decisão do mundial de 86 entre Hunt e Lauda.

Mas esse não foi o principal fato acontecido durante a prova. Quase no final, a chuva voltou e Adrian Sutil aquaplanou com sua Sauber, indo parar no guard-rail. As medidas de proteção funcionaram a contento e o piloto saiu do carro sem qualquer problema maior do que ficar de fora da prova.

Enquanto o guindaste se preparava para tirar o carro de Sutil da pista, estando com o mesmo içado, a Marussia de Jules Bianchi também aquaplanou no mesmo setor da pista, saindo em alta velocidade, atingiu o trator que retirava o carro de Sutil.

O carro da Marussia passou em alta velocidade sob o trator tendo sua parte superior sido praticamente destruída, e Jules atingido na cabeça sofreu traumatismo craniano tendo sido levado de ambulância para o hospital porque não havia condições de voo para o helicóptero levá-lo.

Um acidente, como o de Bianchi, é algo totalmente inesperado, mas nunca é um fato isolado, sendo sempre uma conjunção de eventos que culminam em uma situação de desastre. Assim no caso deste acidente, a chuva forte que caiu enquanto os pilotos ainda estavam com pneus para chuva moderada, a demora na entrada do safetycar, que só entrou depois do acidente de Jules, o fato de o trator estar dentro da área de escape da curva, tudo isso contribuiu sobremaneira para o acontecido.

Certo que medidas de proteção aos pilotos estão sendo tomadas e são cada vez mais eficientes, mas mesmo estas medidas falham de vez em quando, e foi essa uma daquelas vezes que isso efetivamente aconteceu.

Penso que, se uma medida simples, talvez com um custo um pouco maior, mas plenamente justificável, mas não vista assim pelos organizadores até a efetiva ocorrência de algo como o acontecido, tivesse sido tomada, não teria impedido o acidente, mas seus efeitos teriam sido reduzidos ao extremo.

Falo sobre como os carros acidentados ou parados são retirados da pista de Mônaco. Uma grua fica posicionada de um lado da pista, mas sua lança tem um tamanho suficiente para alcançar o outro lado, e assim içar o carro para colocá-lo fora da pista. Detalhe, as gruas ficam de fora da pista, estacionadas atrás do guard-rail. Fosse esse o caso no acidente do GP do Japão, e provavelmente a Marussia tivesse se desmanchado no guard-rail, e Jules poderia ter saído completamente tonto do carro, mas pronto para pilotar no próximo GP.

O que nos resta agora é desejar o melhor para Jules, embora os prognósticos não sejam os melhores, falando-se desde uma recuperação total, até uma vida vegetativa.

Portanto mais nada nos resta a dizer, a não ser: keep fighting Jules.

Até a semana que vem, com o GP da Rússia, estreando na temporada, mas uma estreia com um quê de tristeza.

* Advogado, fã da Fórmula 1 desde 1970, e apaixonado pela Ferrari